quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Cajuína

Alguns discos de minha CDteca aparentemente destoam do todo, e causam espécie aos visitantes. É o caso do “Cinema Transcedental”, do insuportável Caetano Veloso. Sempre gostei muito deste disco, em especial de “Cajuína”. Mas só recentemente vim a saber a história desta música.

Caê ia tocar em Teresina. Um evento raro, pois os medalhões da MPB dificilmente desviam suas excursões para locais mais distantes. Era, portanto, um Evento. Um menino - filho de um lavrador do interior - era alucinado por Caê, e tanto insistiu que o pai resolveu ir com ele ao show. Compraram as passagens e os ingressos.

Na véspera do show, o menino morreu.

O Pai ficou sem rumo, e acabou por ir ao show em reverência à derradeira vontade do filho. Após o show ele foi ao camarim e contou a história ao compositor, e lhe deu uma flor. Caetano ficou com isto na cabeça e acabou por compor a pérola.

“Existirmos, a que será que se destina
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo,
e que se acaso a sina
do menino infeliz não se nos ilumina
tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Terezina”


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(Dedicado a Miriam Helena, que me apresentou a Cajuína e que certamente já acompanhou o menino a alguns shows do Caetano.)

(nov/1999)

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